Ser barro

 Ser barro nas mãos do oleiro é permitir que o Próprio Senhor nos molde conforme sua Santa Vontade. Permitir ser por Ele moldado é nosso sinal maior de amor, onde de fato nos colocamos a disposição do Pai para que já não sejamos mais nós mesmos quem vivamos, mas que seja o Próprio Cristo que viva em nós, como já dizia São Paulo, e compreender que maior do que nossa paixão pelas coisas passageiras deve ser o AMOR pelas coisas que não passam.
 Ser barro é reconhecer-se nada, para que o Senhor seja Tudo em nós, e para que, tendo Cristo em nós, sejamos o Novo Cristo neste mundo que tanto necessita ser transformado. O barro é esse amor e doação mais puros que há em nós, pois se torna aquilo que o seu Senhor bem quer, para servir-Lhe como necessário seja. Não que Deus precise de nós, mas o mundo precisa de Deus, e nós somos chamados a ser Suas Mãos visíveis neste mundo, cada qual conforme seu chamado específico!
 Ser barro é deixar-se transformar como e quando preciso for, para que haja ação, e não estejamos estagnados, mesmo que essa transformação gere dor e sofrimento, mas na certeza da necessidade, aceitamos a dor, pois não há amor sem dor, e nem caridade sem sofrimento, e o Próprio Cristo nos provou isso!
 Ser barro não é fácil, mas sejamos mesmo assim! Antes sofrer na certeza de estarmos sendo elevados, chamados a alçar o vôo dos vôos, a sofrer em meio a coisas que nos colocam ao chão, e não nos mostram e nem nos levam a caminho ou lugar nenhum.

A Páscoa na vida cristã

 A pouco menos de um mês, celebravamos a festa maior da nossa Igreja: A Páscoa! Nela recordavamos a ressurreição de Nosso Senhor Jesus, e nos alegravamos na certeza da vida eterna que a vitória de Cristo sobre a morte nos trouxe, e que ano após ano podemos recordar e vivenciar com nossos corações cheios de fé e esperança. 

 Mas assim como é com todas as coisas em nossas vidas, a festa passa, os dias se seguem, e acabamos por cair novamente na tentação da rotina, e, por muitas vezes, acabamos por nos esquecer destes momentos tão importantes que sabiamente nossa Santa Igreja nos propõe vivenciarmos. Porém, essa importante festa da Igreja se estende por muito mais que apenas um dia, um domingo, mas festejamo-a por seis domingos inteiros, convidados a meditar importantes características de Nosso Senhor, como a sua Divina Misericórdia, e Jesus, nosso Bom Pastor, e mais ainda, bebermos das graças que por nós derramou e derrama até os dias de hoje! E assim como aos apóstolos, o próprio Jesus permanece conosco para nos ensinar um pouco mais, dar forças, coragem e sabedoria para continuarmos nossa peregrinação terrestre, até que Ele volte na mesma glória da festa que precede os domingos da Páscoa: A Ascenção do Senhor! 

 Vejam como nossa Igreja nos oferece uma liturgia tão rica, que podemos ainda nos dias de hoje vivenciar aquilo que os primeiros cristãos vivenciaram diante do Cristo encarnado, com a diferença que hoje também podemos ver o Cristo, mas Eucarístico, vivo e verdadeiro, de tal forma que podemos toca-lo, e fazê-lo parte de nós mesmos, como alimento vivo para a nossa fé. 

 Mais ainda, temos como guia a grande promessa de Jesus, o Espírito Santo, que pairou sobre os apóstolos no Pentecostes, dando-lhes os dons e a ousadia necessários para vencerem o medo! Daqui a pouquinho, muito pouquinho mesmo, beberemos um pouco mais dessa grande promessa em mais essa Santa festa.

  Como vemos, dispomos de diversos meios para que possamos manter viva em nós a fé em Cristo, Nosso Senhor, de forma a não permitirmos que a chama viva do mistério da Páscoa se apague em nós, e ainda que humanamente sejamos frágeis e incapazes, tenhamos a certeza de que aquele que se move em nós nos torna capazes, e nos impulsiona rumo a nossa missão neste mundo, para que O façamos conhecer a todos aqueles que ainda têm fome e sede de amor! 

 Uma Feliz Páscoa a todos!

A criação geme as dores do parto

Oração da Campanha da Fraternidade 2011 CNBB

Senhor Deus, nosso Pai e Criador.
A beleza do universo revela a vossa grandeza,
A sabedoria e o amor com que fizestes todas as coisas,
E o eterno amor que tendes por todos nós.
Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra,
E o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça.
A beleza está sendo mudada em devastação,
E a morte mostra a sua presença no nosso planeta.
Que nesta quaresma nos convertamos
E vejamos que a criação geme em dores de parto,
Para que possa renascer segundo o vosso plano de amor,
Por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes.
E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida,
Também nós, movidos pelos princípios do Evangelho,
Possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor,
O ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo.
Amém.

Acabamos de iniciar, nesta última quarta-feira, o tempo de quaresma, e como sabemos, a Igreja do Brasil todos os anos nos propõe uma reflexão específica neste tempo, com a Campanha da Fraternidade.
Neste ano, em especial, me alegra muito que essa reflexão tenha em vista a situação do nosso planeta, lugar tão amorosamente preparado pelo Pai para que nele fossemos felizes e gozassemos as maravilhas da criação, mas que, como filhos ingratos que somos, acabamos por esbanjar os recursos naturais do mesmo, poluir, devastar, acabando assim com o sonho de Deus para esse mundo.
Para tanto, caros irmãos, gostaria que pudessemos fazer uma breve reflexão sobre como temos tratado particularmente nosso planeta. Quais atitudes sustentáveis tenho tomado para tentar de alguma forma evitar que o caos seja maior ainda, e que assim, quem sabe, possamos salvar essa nossa preciosa herança, que é também dos nossos filhos, netos, e de toda nossa descendência?
Atitudes simples, como separar nosso lixo doméstico, não atirar detritos em via pública, usar sacolas ecológicas, usar menos água, energia elétrica, educar os nossos filhos para um mundo sustentável, dentre tantas outras, que podem parecer pequenas, é que serão de fato meios eficazes de mudar essa mentalidade egoísta e imediatista que vem sendo implantada em toda a humanidade ao longo dos séculos. É aquela velha história do passarinho que tenta salvar sozinho a floresta em chamas. Sua atitude solitária não seria capaz de fazê-lo, mas seu exemplo sim, capaz de mobilizar a tantos outros.


Creio que muitos ainda possam estar pensando: "Mas sustentabilidade é uma questão de fé?". E eu respondo, com toda convicção do mundo: é uma questão de caridade e amor ao Pai. Somente por meio de atitudes novas é que seremos capazes de salvar vidas! Sim, irmãos, salvar vidas! Pois quando atiramos nosso humilde lixinho nas ruas da nossa cidade, estamos contribuindo diretamente com a enchente que irá alagar a casa de tantos, tirando seus sonhos, sua felicidade, sua vida. E essa é apenas uma situação, um exemplo, dentre centenas de outros. Pode até parecer exagero, mas atitudes egoístas como essa podem sim gerar a morte!



Sejamos pois, mais caridosos para com o nosso próximo, respeitando e amando nosso planeta, lugar cuidadosamente planejado pelo criador para que nele pudessemos habitar, e dele pudessemos cuidar! E que assim como quem cuida de um enfermo amado, cuidemos do nosso amado planeta, por amor a Deus, e ao próximo!

O que fazer no Carnaval?

Como já deve ser do conhecimento de muitos de nós, os registros mais antigos que se têm de festejos semelhantes ao que poderiamos chamar de carnaval datam do século VI a.C., na Grécia. Partindo dai, existem muitos outros registros de festas pagãs e mitológicas semelhantes a essa, que geralmente celebravam deuses ou elementos civís, como a entrada do ano novo, ou ainda mudanças das estações do ano.
Muitos ainda já devem ter ouvido dizer que o carnaval nasceu na Igreja, como forma de despedir-se da carne e das festas, nas vésperas da quarta-feira de cinzas, que antecede a quaresma, periodo de penitências e jejuns. Porém, assim como a tantas outras datas pagãs, a Igreja adaptou o carnaval a sua realidade, de forma a fazer com que seus fiéis não se perdessem em meio a festejos pagãos, ou que poderiam estar em desacordo a moral cristã. Podemos ver, ainda em nossos tempos, muitas comunidades que promovem carnavais cristãos, para que também os cristãos possam festejar e se alegrar nessa data onde todos estão em festa. Porém, a própria Igreja propõe a muitos de nós nos retirarmos nessa data, em orações e mortificação, estando de fato separados de qualquer comemoração nessas datas.
Diante dessa realidade, surge uma dúvida, que gostaria muito que pudessemos partilhar e discutir um pouco, sem que apenas uma opinião particular fique aqui expressa:
Qual deve ser a nossa postura como cristãos nesses dias em que o mundo inteiro festeja o carnaval: Festejamos de maneira digna e moralmente cristã, mesmo não concordando com a maneira com que o mundo enaltece essa data em específico, ou fazemos retiros espirituais, mesmo sabendo que em seguida passaremos quarenta dias em abstinências e jejuns, orações e penitências?

Formando pessoas eleitas

"Um questionamento surge em meio a tantas novidades que constantemente aparecem em nossa vida comunitária: Nos sentimos como pessoas eleitas por Deus? Desde o dia em que o Senhor nos chamou a entrarmos em oração e, posteriormente, nos levou aos primeiros passos como Comunidade de Aliança, muitas pessoas sentiram um despertar a uma vida de consagração a Deus, uma vocação própria dentro de uma comunidade. Outras pessoas têm surgido em nosso caminhar comunitário, nas dependências da comunidade, e são verdadeiramente tocadas por Deus. Têm suas vidas transformadas, e de certa forma, sentem-se atraídas por nosso carisma e missão, pelo nosso jeito de ser comunidade. Nesse ciclo de amor, alguns podem sentir uma grande vontade de ser comunidade também. Precisamos entender que a verdadeira alegria está justamente em descobrir a presença ou ausência da vocação. Mas isso não é fácil! Precisa ser entendido à luz do Espírito Santo. Uma coisa é certa, e precisa estar cravada em todos os corações que perceberem a presença da vocação em suas vidas como eleitos, escolhidos por Deus: Somos um Dom de Deus! "

(trecho extraido do documento da Comunidade Coração de Maria)

A questão que hoje gostaria que refletissemos um pouco mais profundamente, e que me levou a relembrar esse trecho do nosso documento é: "Nos sentimos como pessoas eleitas de Deus?" Essa questão, em particular, me chamou muita atenção no sentido de realmente refletirmos sobre nossa vocação, nosso chamado em particular. Será que estamos compreendendo este "sentirmo-nos pessoas eleitas de Deus" realmente, ou estamos vivendo uma vocação vazia, onde continuamos sendo senhores de nós mesmos, não permitindo que o Senhor da nossa vida, aquEle que nos chamou, escolheu e nos separou do resto do mundo, venha realmente a nos conduzir? Ou ainda, esse ser "eleito de Deus" tem nos feito sentir "diferente" do resto do mundo de uma maneira negativa, o que, de certa forma, mais nos separa das pessoas que de nós precisem, tornando-nos assim orgulhosos no sentido de sentirmo-nos superiores aos demais, inclusive nossos irmãos de comunidade? Ser uma pessoa eleita de Deus nos torna sim pessoas diferentes, que precisam sim se esforçar para ser realmente diferentes, sobretudo no sentido de sermos obedientes ao Pai, a nossa Comunidade, ao pai espiritual que nos foi dado por Deus, e a todos os nossos superiores. Quanto mais obedientes somos, mais amor e respeito demonstramos. Automaticamente, damos a Deus nossa resposta concreta que de fato acreditamos nessa vocação particular, e nessa Comunidade. Esse é verdadeiramente o nosso SIM! A obediência gera respeito, amor, compreensão, mortificação, nos leva a vivermos de fato o "ser comunidade", pois obedecer nos faz aprender onde termina o nosso espaço, e começa o de nosso irmão. A obediência leva a santidade! Portanto, caros irmãos, lembremo-nos sempre que estamos todos no mesmo barco, que já passou por tempestades e também por calmarias, e que só permaneceu em pé porque fomos capazes de nos mantermos unidos, respeitando, obedecendo e amando-nos uns aos outros, como o próprio Cristo nos ensinou. Não sejamos nós mesmos os causadores de uma possível nova tempestade, e nem permitamos que a calmaria seja movida pela nossa acomodação, mas que estejamos sempre dispostos a enfrentar o que tivermos que enfrentar, na compreensão de que nossa vitória não está nesse mundo, mas que todos juntos lutamos pelo céu para nós, e para todos que de nós precisarem!

Ousadia

Hoje retornamos nossas atividades comunitárias dentro do grupo de oração Gotas de Amor, e particularmente fiquei bem entusiasmada com o que Deus nos tem preparado para esse ano, sobretudo por todo "novo" que hoje mesmo já começou a acontecer no meio de nós.
Justamente neste sentido de novidade, refletia profundamente quanto a nossa capacidade de acolher tudo de novo que Deus possa estar pensando ou sonhando para nossa vida particular, mas também para nossa vida comunitária, e não comunitária no sentido de sermos consagrados ou vocacionados dentro de uma comunidade, mas no sentido de estarmos abertos a vontade do Senhor a partir da nossa vida, pelo bem do próximo. Pensava no quão ousados somos realmente capazes de ser para que a vontade do Senhor aconteça em nossas vidas, ou por meio de nós na vida dos irmãos.
Ainda nesse sentido, eu lembrava de algo que minha mãe me dizia essa semana, a respeito de um rapaz viciado que mora na rua dela. Ela comentava que o pai de um outro rapaz, também viciado, os havia convidado para participarem de um culto na igreja dele, e tão logo esse rapaz aceitou o convite, conseguiu também uma internação para a desintoxiação e tratamento do vício. Fiquei pensando no tamanho da ousadia desse pai, que resolveu sair de cima do muro, lutar pela vida do filho, do amigo do filho, e ao mesmo tempo apresentar a eles o seu motivo maior, que é o seu Deus, a sua fé. Sem ter nenhuma segurança que garantisse a aprovação dos rapazes, ele ousou fazer a diferença, e independente dos caminhos que esses dois rapazes tomem daqui por diante, ele fez a parte dele.
Nossos irmãos protestantes, em geral, a maneira deles, nos dão imensos exemplos de ousadia, e eu sinceramente não consigo compreender como nós, que cremos tanto, que praticamos uma fé sólida, dentro da Igreja fundada por Nosso Senhor, não conseguimos ter esse tipo de atitude, talvez por medo, vergonha, falta de confiança nas próprias capacidades, enfim, pelos mais diversos motivos que podemos enumerar. Eu mesma muitas vezes, fico indignada em saber que nossa Igreja dispõe de tantos recursos, mas que não são por nós anunciados, ou ainda, nos falta ousadia de fazermos aquilo que ainda não está sendo feito.
Hoje, durante o grupo de oração, pude obervar tímidas tentativas de fazer diferente, vencer as próprias limitações, e colocar a vontade do Senhor acima de qualquer obstáculo, e isso me animou de tal maneira, que embora essas atitudes tenham sido contidas, discretas, a vontade de Deus pôde acontecer, e mais, tenho imensa confiança de que, a cada dia que passar, passaremos também a tentar mais, dar mais um passo, vencer mais um desafio, até que finalmente buscaremos ser tão ousados quanto os apóstolos de Cristo, sendo capazes de proclamar curas, milagres, prodígios da parte do Senhor, e conseguiremos alcançar até mesmo aqueles em quem a sociedade já nem mais põe fé, trazendo-os para a casa do Pai. Mas para isso, necessitamos estar a cada dia mais abertos, mais disponíveis, mais dispostos e mais ousados, ou então, de nossa parte, nada de novo acontecerá.
O Senhor deseja ardentemente de nós que sejamos cristãos renovados, ousados, e confiantes. Coloquemos o nosso foco no Senhor, e permaneçamos firmes, irmãos, pois o mundo tem sede de Deus, e está como um solo ressequido, necessitando ser lavado pelas lágrimas e pelo suor dos filhos de Deus, desesperados por amor, e não qualquer amor, mas o amor que já conhecemos e provamos, e precisamos urgentemente dividir com eles.
Que Maria, nossa mãe e maior modelo de santidade e ousadia, nos guie pelos caminhos do Senhor com o seu exemplo e intercessão!

A nós, basta amar!



"Que seu Natal seja de amor
Lembrando do Amor maior que por ti se doou
Que seja confiança
Como a que teve Maria nos planos do Senhor
Que seja obediência
Como a que levou José a fazer a vontade de Deus
Que seja humildade
Para aceitares que o maior milagre do mundo
Pode acontecer no lugar mais inusitado
Ainda que pareça pouco
Ainda que pareça despreparado
Ainda que não seja o melhor lugar
É em seu coração que Jesus hoje quer nascer
Mesmo sabendo das condições
Pois nesta noite
O que vale, é o AMOR!"

A Comunidade Coração de Maria deseja a todos
um Feliz e Santo Natal, cheio das bençãos do Senhor!